Itajaí / Santa Catarina - A Chia (Salvia hispanica) foi consumida por séculos como alimento básico pelos habitantes da América Central e México. As sementes pequenas escuras, brancas ou acinzentadas, que facilmente são encontradas em lojas de produtos naturais, estão ganhando fama nas dietas de emagrecimento, como um alimento rico em proteínas, vitaminas, minerais, ômega 3 e fibras, com alto poder de saciedade. Interessados em conhecer as propriedades desse alimento e ampliar as pesquisas sobre o tema, acadêmicos do 6º período do curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), coordenados pela professora Sandra Soares Melo, doutora em Ciência dos Alimentos, realizaram um estudo para comparar e analisar os efeitos das sementes de Chia e dos flocos de Quinoa.
Os alimentos escolhidos para análise foram destacados devido ao alto
conteúdo de proteínas, considerado similar aos encontrados na carne e maior do
que o das fontes tradicionais como: milho, aveia, cevada e arroz. Entre os dois
pseudocereais, a Chia demonstrou os resultados mais expressivos.
A pesquisa foi realizada com ratos adultos, da linhagem Wistar, pelo período de seis semanas. Os animais foram alimentados diariamente
com porções de Chia crua ou com flocos de Quinoa, equivalente a duas colheres
de sopa na alimentação de humanos. Os resultados com a Chia indicaram que, em
função da sensação de saciedade houve diminuição de 20% do consumo alimentar.
Também foi constatado melhor funcionamento do fígado e equilíbrio das taxas de
colesterol, com diminuição de 11% do colesterol ruim, redução de 74% de
triglicerídeos, e aumento de 10% do colesterol bom.
Outro benefício percebido no consumo da Chia foi aumento de 150% de
excreção fecal, mostrando que esse alimento pode ser uma alternativa no
tratamento de pessoas que sofrem de intestino preso. “Os resultados foram
surpreendentes. Além de acelerar o metabolismo, a Chia faz uma varredura no
intestino levando o excesso de açúcar e a gordura que são prejudiciais ao
organismo”, explica Sandra Soares Melo.
Na pesquisa, os ratos receberam uma dieta hipercalórica, rica em
gorduras (amendoim, chocolate hidrogenado e bolacha maisena), que simulou a
alimentação a base de fast foods. A sensação de
saciedade ocorre porque em contato com a água a Chia aumenta de volume e ganha
a consistência de gel. Os pesquisadores controlaram os dados de peso corporal,
consumo alimentar, ingestão hídrica e excreções urinária e fecal. Não foi
percebida nenhuma alteração hepática ou reação adversa. O estudo teve a
colaboração da professora Luciane Coutinho de Azevedo , doutora em
Neurociências, e a participação do técnico de Laboratório de Nutrição
Experimental (Lanex), Bruno Gern.
Segundo Sandra Melo, incluir a Chia na alimentação é muito fácil, já que
ela não tem sabor. A nutricionista aconselha o consumo diário de duas colheres
de Chia, que podem ser misturadas em salada de frutas, iogurte e sopas. Além de
auxiliar na redução do consumo alimentar, a semente enriquecerá a alimentação
com uma porção a mais de proteína, minerais, vitaminas e fibras.
Texto e fotos : Ana Paula Bazi
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